quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um dia a gente vem

Eu queria escrever. Já não sei se tenho mesmo algum motivo para isso, não tenho nenhuma história - apesar de, normalmente, observar algumas pessoas e imaginar uma história que conte sobre eles. E sinto que sem as minhas palavras eu não tenho nada que é realmente meu. Eu também já não tenho muita vontade de ler algumas coisas. Alguns dos escritores que me interessavam tornaram-se desinteressantes. O cotidiano os levou para aquilo que todos nós falamos e todos nós já passamos. Está tudo tão normal, tão igual. Tão a mesma coisa. E eu queria confessar que, eu sinto falta das minhas páginas, dos meus textos amadores. Eu sinto falta de algumas pessoas que por culpa do destino estão um pouco ausentes. Eu queria que o mundo não levasse eles embora. Mas algumas coisas têm mesmo que ir. Um dia, quem sabe, eles podem voltar. A gente pode se encontrar assim, andando na rua ou tomando um café. A gente pode se encontrar num barzinho, atoa. E vai ser bom dar outro abraço e lembrar como alguns amigos serão sempre amigos. E que o sorriso nunca vai mudar.
Tem dia que eu sei. Sei que nosso tempo não é agora. Que não sei de você hoje, mas mais para frente você vai querer me contar como você está. As nossas mudanças não vão parar, e isso vai continuar. Nós vamos continuar mudando. E sinto tanto por deixar alguns para trás. Ou por me deixarem para trás. Verdade que já não me lembro como me organizar, ando assim, tão perdida. Preferia não ter de pensar tanto no futuro. Gostaria de poder, novamente, desejar que chegassem os dias de paz, longe de casa. Ter tempo de dormir o dia inteiro e não pensar, depois, que se eu não me mexer agora, não poderei parar. Nós estamos com tanto medo que não conseguimos mais diferencia-los. E não sabemos mais sobre o que se trata cada um deles. Eu não vou dormir no escuro e tenho medo de perder o sono durante a noite. E se pensar em você não vai resolver o meu problema, então eu não quero pensar em mais nada. E encarar o próximo dia tem sido aterrorizante. É que a gente está assim, perdido. E já não sabemos aonde pisar, só porque não sabemos se é mesmo certo pisar. O menino pobre sabe que de manhã, ele tem que acordar e vai trabalhar e é assim que ele vai construir tudo para ele, e vai buscar a felicidade, não vai? E eu, eu não sei... eu não sei... não sei por onde eu estou andando.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Locked

Eu quero surtar, vez ou outra. Gritar, chutar, bater. O que vier pela frente. Me encho de indignação, e não de raiva. Antigamente, nas minhas linhas mal traçadas eu me dizia presa. Era quase uma descrição: trancada para o mundo. Talvez seja por isso que eu tenha criado, ou tentado, diversas vezes viver em um mundo meu. Mas não deu certo. Eu pisava um pouquinho lá fora, me encantava e queria tudo para mim. Eu queria o mundo inteiro. Eu queria devora-lo, e não deixar-se ser devorada. Eu queria mais. Na verdade, eu continuo querendo. Porquê, nada realmente mudou. Continuo assim, tão frágil e tão presa? Presa? Ainda? Como assim? É, tipo isso aí. Nós vamos sempre querer mais saborear o doce da liberdade. Querer se jogar em cima do que vier, como vier, não importa o que aconteça. Eu quis viver. É disso que estou falando, da vida. Da minha vida. Eu tenho ainda muito chão pela frente e quero isso logo. Eu quero o mais rápido possível. Faço mesmo tudo na pressa. Mas isso é diferente. Ninguém pode me privar daquilo que eu tenho que viver, pode? Uma criança tem que tentar, para dar seus primeiros passos. E sabemos que ela cairá. Mas nem por isso nós evitamos que ela tente. Haverão tombos, eu sei, mas eu terei de passar por todos eles se eu quiser aprender, se eu quiser levantar sozinha, se eu quiser dar os meus próprios passos. Ficar aqui já não me cabe mais. Estou esperando há tanto tempo o momento em que eu poderei olhar sozinha o mundo. E ser eu, e não mais os outros. Eu queria tantas portas abertas, e elas continuam trancadas. E eu queria mais janelas mas não há nada também. Não existe luz. E eu quero conhecer lá fora. Só, ainda não sei como dar o primeiro passo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Divagações

Em minhas divagações ando meio confusa, meio complicada. Às vezes, peço que me mandem um sinal. Eu queria saber se estou andando nos trilhos certos. Eu só saberei sobre isso no futuro. E nas minhas divagações eu tenho tanto medo do futuro, e do que eu posso me tornar. Eu sei, eu sei, tudo depende de mim. Ter todo esse peso aqui em cima me atormenta. Eu não quero ser um fracasso. Eu quero que tenham orgulho de mim, e, acima de tudo, eu quero me orgulhar. Eu quero saber que, tudo que faço me fará feliz. E de vez em quando eu sou apenas uma criança. Ou eu gostaria de ser. Nós estamos com tanto medo que preferimos não fazer nada. E eu preciso disso, preciso crescer também. Durante alguns minutos eu gosto do silêncio. Ele me faz colocar boa parte das palavras em ordem na minha cabeça. Em outros tempos, ele não me agrada. Pois, assim, em meio ao nada, vêem à mim tantas divagações. Eu fujo delas e elas me encontram. Eu me recuso a pensar em algumas coisas. Uma hora elas tem que vir à mim, e eu serei obrigada a resolver tudo. Às vezes sou uma adulta. Acabo ficando nesse meio termo, fico entre o muro. Eu quero, e não quero, ao mesmo tempo. Acabo assim, meio confusa. Evitando alguns pensamentos. Querendo, sempre, só o sossego. Porque, então, não serei, obrigatoriamente forçada a pensar em certos momentos. Crescer é coisa seria. E para ter orgulho de mim mesma, eu serei obrigada a crescer, e fazer tudo direito. Não? Então, eu queria só um sinalzinho. Para saber se eu estou na direção certa, se preciso tomar mais juízo. As minhas evitadas-divagações vão aparecendo de tempo em tempo, em algum momento terei de encara-las... Terei de encarar o mundo inteiro. E viver, só viver. Sem caminho certo ou errado: só a vida.