quinta-feira, 20 de maio de 2010

As manhãs

O silêncio lá fora ecoa. Eu só escuto vestigios de grilos, longe provavelmente, mas ainda escuto. Lá atrás, vem nascendo devagarzinho. Vem clareando lentamente o céu, que está escuro feito breu. Logo, não vejo mais as estrelas, parecem longe. E o céu já não é escuro, torna-se azulado. Quando ilumina forte, fica só o azulzinho limpo. Mas hoje é mais um dia de frio, e minhas mãos estão geladas. Implorando para estarem debaixo de um cobertor, assim como as minhas pernas, os meus pés, o meu corpo. Eu consigo imaginar você, que acaba de deitar em sua cama, e relaxa o corpo para esperar o sono te dominar. Aperta o cobertor contra o corpo, meu bem, que o frio vem e abusa. Lá fora, antes mesmo de o céu clarear completamente já saem essas pessoas, tão sonolentas que se apertam nos agasalhos, e imploram por mais tempo na cama. É, minha cama fica incrivelmente deliciosa nos dias gélidos. E eu queria, imensamente, te acompanhar na dança e me esquentar no teu corpo. Agora, eu consigo ouvir melhor mais alguns ônibus, que começam a passar pelas ruas. E mais alguns carros que acabaram de sair de casa. Ainda assim, é silencioso, e os pássaros continuam cantando, e acho bonito como fazem barulho, porque é bom só escutar isso pela manhã. O silêncio torna-se gostoso, até que eu desperte realmente, e me lembre que o tempo, infelizmente, não para. E chega minha hora de ir embora. Eu queria, ai como queria, ficar algum tempo no seu cobertor, me esbaldar com o seu fervor, o quente da sua pele, e sentir os seus pés na ponta da cama rossarem nos meus, até que estejamos quentes, igualmente. E ali adormecer, deixar o frio entrar de mansinho, porque é assim que eu aproveito esse tempo geladinho. Imaginação, volta, e não me deixa passar vontade não, já deu minha hora, não posso me atrasar...